OBJETIVOS GERAIS DE CIÊNCIAS NATURAIS PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL
A concepção dos objetivos de
Ciências Naturais ao nível de Ensino Fundamental tem por escopo fornecer ao
aluno os conhecimentos necessários à compreensão do mundo, para que nele possa
atuar, de forma consciente, como individuo e como cidadão.
Deve-se ressaltar que os objetivos
constantes na Introdução aos PCNs bem como aqueles inscritos nos Temas
Transversais devem guardar coerência com esses objetivos da área de Ciências
Naturais.
Como exemplo de objetivos gerais podemos
citar a capacidade que o aluno deve possuir, ao fim do Ensino Fundamental, de
compreender a natureza como um todo dinâmico, constituindo o ser humano parte
integrante e agente transformador do mundo em que vive.
Relativamente aos conteúdos de
Ciências Naturais abordados no Ensino Fundamental, importa referir que, para
não receberem um enfoque estanque e isolado dos demais assuntos e áreas de
conhecimento, são eles apresentados em blocos temáticos, fugindo de um padrão
rígido e conferindo organização aos conteúdos.
Desse modo, estabelecem conexões
entre os conteúdos das demais áreas e dos temas transversais, dando relevo,
dentro de cada bloco temático, aos conceitos fundamentais para a compreensão da
temática em tela.
A abordagem dos temas em Ciências
Naturais deve priorizar uma perspectiva interdisciplinar e holística, para que
os fenômenos naturais sejam compreendidos de forma integrada, partindo do
estabelecimento de ligações conceituais entre as diferentes ciências.
Assim, pode-se citar, para
exemplificar, que uma contribuição para conceituação gerais é dada a partir da
introdução dos conceitos de energia, matéria, espaço, tempo, sistema e
equilíbrio, conceitos estes presentes em diferentes campos e ciências.
Para a compreensão dos fenômenos
naturais e dos conteúdos que a compõem, adotam as Ciências Naturais, como
referenciais, uma gama considerável de conceitos centrais ao lado das
explicações do senso comum, de base intuitiva.
Oportunamente, deve-se ressaltar que
a seleção dos conteúdos passa necessariamente pela fixação de critérios,
demarcados a partir dos objetivos gerais da área em consonância com os
fundamentos que os PCNs estabelecem.
Com respeito aos blocos temáticos que
perpassem o Ensino Fundamental, deve-se enfatizar, de início, que são quatro a
seguir: 1)Ambiente; 2) Ser humano e saúde; 3) Recursos Tecnológicos; 4) Terra e
Universo.
A estruturação dos conteúdos através
de temas é que irá embasar os conhecimentos a serem transmitidos, cabendo referir
que, dentre as temáticas estabelecidas para o primeiro e segundo ciclos, duas
são escolhidas repetidamente: 1) Ambiente e 2) Ser humano e saúde.
AMBIENTE
Hodiernamente, os meios de comunicação são veículos de informação na
contemporaneidade, e, portanto, trazem notícias dos debates acerca dos
problemas ambientais, sendo estas notícias portadoras de informações que
alertam as populações mundiais. Cumpre à Escola o papel de assegurar a
aquisição dos conceitos científicos destas informações e revisar estes conhecimentos.
Importa, nesse particular,
referenciar que é papel da Escola trabalhar a temática ambiental e as relações
entre sociedade e ambiente, marcadas pelas necessidades humanas, por seus
conhecimentos e valores. Isto porque a questão ambiental deve ser tratada no
âmbito mundial, pois se problemas ambientais afetam a um país afetam a todos,
já que tudo está interligado e nem a poluição nem os desastres naturais
respeitam fronteiras. Assim sendo, podemos citar temas para discussão, como o
aquecimento global, o buraco da camada de ozônio, a chuva ácida, a
desertificação e o desmatamento. Com o propósito de encaminhar soluções, a ONU
(Organização das Nações Unidas) aprova e cria documentos (convenções, tratados)
em conferências das nações signatárias, chamadas de COPs, conferências das
partes, onde debatem ações para cumprir o tratado. Disso resultam os anexos ou
protocolos, como o de Kyoto, que detalha medidas e metas para atingir esse
objetivo. O Protocolo Kyoto, criado em 1997, no qual diversos países se
comprometem em reduzir a emissão de gases causadores do efeito estufa, é um
tratado que foi prorrogado até 2017. E também na COP-17 ficou decidido que será
criado um novo acordo global sobre o clima, que vai compreender todas as nações
integrantes da UNFCCC; este novo acordo pretende substituir o protocolo Kyoto.
É relevante rememorar as
responsabilidades humanas voltadas ao bem-estar comum e ao desenvolvimento
sustentado, na perspectiva da reversão da crise socioambiental planetária.
Nesse sentido, aponta-se a necessidade de reconstrução da relação do binômio
homem-natureza. A Ecologia é o principal
referencial teórico para os estudos ambientais, pois estuda as relações de
interdependência entre os organismos vivos e destes com o componente sem vida
do espaço que habitam, resultando em um sistema aberto denominado ecossistema. O
enfoque destas relações ocorre no estudo das cadeias alimentares, dos níveis
tróficos (produção, consumo e decomposição), dos ciclos de materiais e fluxos
de energia da dinâmica das populações.
Importa referir que os conceitos são
compreendidos quando ampliados na abrangência das relações que compreendem uma
totalidade de noções, que vão das mais específicas às generalizadas.
Outrossim, tais conteúdos podem ser tratados
em conexão com a dimensão essencial à educação, levando os sujeitos a ampliarem
suas atitudes e modificarem suas maneiras de proceder em relação ao ambiente.
Essa nova consciência, por exemplo, leva o sujeito a valorizar a reciclagem e a
ter repúdio ao desperdício.
Em síntese, para se tratar conteúdos
tendo em vista o desenvolvimento de capacidades e valores inerentes à cidadania,
é preciso que o conhecimento escolar não seja alheio ao debate ambiental
travado pela comunidade e ofereça meios de o aluno participar, refletir e
manifestar-se, ouvindo os membros da comunidade, engajando-se no processo do
convívio democrático e da participação social.
SER
HUMANO E SAÚDE
Este tema propõe as perspectivas
atribuídas à concepção do corpo humano como um sistema integrado que interage
com o ambiente, refletindo a história do sujeito. Importa compreender as
relações fisiológicas e anatômicas inerentes ao mesmo.
Esse ideário nos permite dizer que o
corpo é a representação da relação
existente entre ele próprio e o meio ambiente no qual está inserido.
Assim sendo, o corpo e o ambiente
fundem-se num amalgama existencial de um sobre o outro e vice-versa. Cumpre
aqui lembrar que a maneira e as interelações que se estabelecem entre o corpo e
o ambiente, permitindo o fluir ou não das necessidades biológicas, afetivas e
sociais, são os registros formadores do ser, sua arquitetura e seu
funcionamento. Essas marcas revelam os ritmos individuais representados pela
espécie humana. O corpo humano apresenta um padrão estrutural e funcional
comum, mas cada corpo é único, bem como as impressões retiradas e absorvidas do
ambiente também são individuais e desencadeadoras do equilíbrio dinâmico.
É relevante mencionar a urgência de
uma educação que abarque a necessidade da conscientização do corpo e do meio
ambiente, de forma que estabeleça parâmetros educacionais que passem a formar
consciências e, uma vez introjetadas, sejam intrínsecas de cada ser.
Por outro lado, hábitos e atitudes
equivocadas e distorcidas dizem respeito a determinados condicionamentos estabelecidos
pela cultura, que são realizados sem uma racionalização dos mesmos, como, por
exemplo, a auto-medicação, cabendo à escola esclarecer e subsidiar os conhecimentos dos alunos para
extirpar tal prática.
Nesse particular mencionado, podemos
também lembrar que cabe à escola ser veículo de informação dos parâmetros
científicos capazes de formar e, ao mesmo tempo, ser mola propulsora de
conhecimentos que o aluno carregue consigo como valores, permitindo torná-lo
capaz de entender o próximo e suas limitações, sendo assim fonte de abertura
para as possibilidades de entendimentos frutificadores de uma sociedade mais
justa e solidária.
Cabe ainda mencionar que a Escola
deverá ser a porta de abertura para ampliar a capacidade de o aluno
racionalizar suas atitudes em busca do equilíbrio, dotando-o da capacidade de
realizar escolhas adequadas, oferecendo conhecimentos e oportunidades para que
ele conheça melhor a si mesmo, ao mesmo tempo em que amplia a percepção das
necessidades do próximo.
RECURSOS
TECNOLÓGICOS
Esse bloco temático nos leva a
refletir a respeito das implicações que os recursos tecnológicos acarretam em
nossas vidas. Esse desenvolvimento que se amplia no âmbito mundial transforma
significativamente nossa relação com o meio ambiente.
A cada período da história da
humanidade fenômenos foram decisivos para estruturar a sociedade de maneira
definitiva, como um degrau a mais que se alcançou. Como exemplo disso podemos
citar o domínio do fogo, o uso da pedra lascada e polida, o desenvolvimento da
agricultura, a criação de animais, a utilização do ouro e do cobre, etc. As
técnicas rudimentares foram sendo aperfeiçoadas paulatinamente. Neste processo
da convivência da utilização de técnicas antigas e ciências modernas e
contemporâneas, assiste-se também ao aumento das mazelas sociais, da fome, da
desnutrição e da mortalidade infantil, concomitantemente com o aumento da produção e estocagem de alimentos e
o desenvolvimento tecnológico na indústria farmacêutica e na medicina.
Esta temática culmina com reflexões
acerca das relações entre Ciência, Sociedade e Tecnologia, ampliadas nas
questões éticas e valores atitudinais
compreendidos no percurso civilizacional que a humanidade vem enfrentando
nos últimos séculos.
Compreende-se aqui a emergência de
tratar-se do corpo e do meio ambiente como formas associadas e não mais
dissociadas na busca do equilíbrio. Neste sentido, amplia-se a dimensão da
necessidade e da sustentabilidade dos recursos naturais, bem como dos estudos
sobre a matéria, energia, espaço, tempo, transformação e sistemas aplicados,
que medeiam as relações do ser humano
com o seu meio.
Os recursos tecnológicos nos impelem a
uma nova conscientização a respeito do homem e do meio ambiente, já que, devido
aos ciberespaços, diminuíram as distâncias, promovendo a ampliação de nossa
forma de ser e estar no mundo, pois compomos, hoje, uma aldeia global, onde não
há mais lugar para a inércia, para o individualismo, estando todos, de alguma
maneira e em alguma proporção, interligados e inter-relacinados: o Planeta Terra é a nossa casa. Discorrendo, então
nesse sentido, penso que seja fundamental a sustentabilidade do Planeta, e,
para isso, temos na Educação nossa grande aliada e, talvez, a forma mais eficiente
de agir em prol da sociedade e de plantar a semente do respeito à Natureza.
Os alunos precisam participar cada vez mais de debates acerca das
questões cruciais que dizem respeito ao homem, à sociedade e ao planeta, sentindo-se
partícipes e responsáveis do processo civilizatório, recebendo, ao mesmo tempo,
por parte dos educadores, estímulo para pesquisarem e aprofundarem suas teorias
e questionamentos. Esse incentivo leva o aluno a levantar hipóteses, formular
suposições e perguntas, devendo o professor respeitar o nível de amadurecimento
correspondente a cada faixa etária, atitude que conduz à aprendizagem de
procedimentos, ao desenvolvimento de valores e à construção da cidadania.
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